PRO CAUSA DE BEATIFICAÇÃO - PRO CAUSE DE BÉATIFICATION

SEMPRE A POSTOS

 

O Padre Mariano Pinho, que chegara à Póvoa em Dezembro de 1928, pouco antes do Natal, que faz sair o número zero da Cruzada Eucarística em 1929, para a começar efectivamente e com regularidade de em 1930, assumiu em Dezembro de 1931 a direcção do Mensageiro de Maria, que irá manter até Setembro de 1942.

Embora só abra o número de Maio de 1932, este seu artigo tem algo de programático.

A pé firme e de viseira levantada, eis que entra no nono ano de suas novas campanhas o humilde paladino da Virgem, o Mensageiro de Maria, de olhar fito no horizonte, com o coração a esbrasear, numa ânsia indizível e insaciável de novas conquistas.

Tímido sempre: — é defeito ou qualidade que não abandona; os oito anos que já leva de existência não lhe deram ainda, não lhe darão nunca, por mais que se multipliquem, a pueril persuasão de que é capaz da des­medida empresa. Cantar as glórias de Maria é tema árduo de mais para a terra; só no Céu a uníssono com Cristo se consegue tecer louvor condigno da Mãe de Deus.

Tímido, mas confiado; por mais ténue que seja a voz que se levanta, se é para descantar Maria, logo encontra eco vibrante em nossos vales e em nossos montes; em nossos prados e em nossos rios e nas nossas fontes e em todos os corações desta abençoada terra que toda ela é — digamo-lo mais uma vez, digamo-lo sempre — Terra de Santa Maria!

É por isso que não foram baldados os dulcíssimos esforços dos oito anos que já lá vão. A sementezinha de que o Mensageiro é o semeador é boa: é a devoção a Maria; o terreno onde a vai lançando é Portugal: não há terra onde melhor germine essa semente bendita.

Mas incontestavelmente a empresa é árdua de mais para forças humanas.

Uma revista Mariana não se detém nas mesquinhas verdades contingentes que entretêm cá por baixo os homens através do tempo e do espaço. O seu ideal é sublime; encarna-se, por dizê-lo assim, na mais perfeita criatura que saiu das mãos do Altíssimo: na Virgem Maria, na Mãe de Deus.

A verdade que professa e pela qual se debate é a verdade revelada aos homens na Escritura e na Tradição, que o Verbo Encarnado promulgou e a Santa Igreja assistida do Divino Espírito Santo explica, conserva e defende de todos os ataques do erro e da corrupção. Falar de Maria é tratar de uma das partes principais da Revela­ção; cantar os seus privilégios, as suas virtudes, as suas grandezas, o seu poder, as suas misericórdias e a sua glória é versar outros tantos pontos da verdade católica, imutável, eterna.

Empresa árdua, na verdade! E quem presumirá desempenhar-se dela cabalmente?! Depois, uma revista mariana, como o Mensageiro de Maria, não se limita a um estudo ou exposição fria das grandezas da Mãe de Deus, das suas virtudes, dos seus benefícios, do seu culto, dos seus santuários, dos seus milagres, das peregrinações às suas capelas e ermidas, do esplendor das suas festas, das suas Congregações e Confrarias e associações piedosas, dos seus Congressos — campo infinito e variado! Ao percorrê-lo, o Mensageiro pretende mais do que dá-lo a conhecer à inteligência e satisfazer à curiosidade; visa sobretudo a despertar em todos os cora­ções de seus leitores (e deviam ser todos os que se prezam de portugueses!) o entusiasmo e amor ardente pela excelsa Mãe de Deus que é também a nossa Mãe, a nossa maior e melhor benfeitora.

A voz do Mensageiro de Maria deveria ser como que a voz meiga e querida da Mãe de Família a seus filhos, especialmente aos que mais timbram em levar o nome de Filhos de Maria. As folhas do Mensageiro de­veriam aparecer cada mês, como folhas caídas lá do Céu com notícias escritas pela nossa Mãe, ou pelos Anjos nossos irmãos que a contemplam face a face. Deveria esta revista ser na Terra lusitana um lenitivo suave às vivas saudades que os nossos corações experimentam por Maria Santíssima.

Mas, quem encontrará na terra lenitivo para saudades do Céu? Empresa árdua de novo. Longe anda por isso do Mensageiro a lisonja de que se tem desem­penhado cabalmente da sua missão.

Mas, confiado, persiste no seu posto, cheio de boa vontade, sem desfalecer, pronto a todos os sacrifícios para concorrer um bocadinho ao menos — e nesse bocadinho quer esgotar todas as suas forças — para a realização desse ideal.

Aos seus leitores e amigos agradece o Mensageiro a benevolência com que sempre o têm acolhido e como penhor dessa benevolência, pede-lhes se dignem ajudá-lo por meio da propaganda que estiver ao seu alcance (quem não poderá arranjar-nos ao menos mais um assinante?) a levar cada vez mais longe e a mais corações a boa nova de Maria de quem ele é Mensageiro.

M. Pinho