SALVEMOS A JUVENTUDE
É
conhecido que o P.e Pinho teve também grande sucesso na propagação
das Congregações Marianas. Veja-se como ele, em Novembro de 1932,
manifestava a sua preocupação face à alarmante situação da juventude
do seu tempo, que ainda assim seria bem menos inquietante que a da
juventude actual…
Clama, ne cesses:
brada sem cessar! — impunha Deus ao profeta, para acautelar seu povo
dos abismos em que se precipitava.
Clama,
ne cesses! parece
dizer Maria Santíssima ao seu Mensageiro.— Brada; ecoe como um
clarim, através de todos os recantos de Portugal, a tua voz; toca a
reunir, sob a minha bandeira salvadora e vitoriosa, a juventude de
Portugal, antes que ela se afunde nos abismos!
É a
juventude e sobretudo a juventude masculina a preocupação máxima de
quem se preza de se interessar pelo bem da humanidade, de quem se
preza, como bom patriota, de amar a sua Pátria e, mais ainda, de
todo o fervoroso católico, que ama as almas, que ama a Igreja, que
ama o sangue de Cristo.
Por
isso não admira que o Mensageiro de Maria, — protector das
Congregações Marianas, que são obra instituída em primeira intenção
para a salvação e santificação dos jovens, tanto se preocupe da
juventude e a ela mais que a qualquer outra categoria de pessoas, se
dirija assiduamente. É que na juventude se cifram as melhores
esperanças de todo o engrandecimento e restauração religiosa, moral
e civil das gerações futuras. O que for o jovem hoje, isso será o
adulto amanhã.
E aí
está a razão das nossas preocupações e sobressaltos.
Ao
contemplarmos a derrocada que tudo reduz a ruínas no campo da
juventude e especialmente da juventude masculina, alvorota-se-nos o
coração, inquieta-se-nos o espírito pelo que vai ser o dia de
amanhã. Tanta despreocupação na mocidade; tanto malbaratar de
energias intelectuais, morais e físicas; tão crassa ignorância das
mais elementares e transcendentais verdades que regem os destinos do
homem; tanto descuido e até desprezo da Religião; tão degradante e
alarmante devassidão de costumes!...
Por
outro lado, tanta facilidade em beber e assimilar ideais subversivos
e deletérios; tão pronta adesão a empresas e organizações
daninhas...
Todos
os bons sensos bradam que é preciso acudir à juventude; salvar os
novos, segurá-los, para que não pereçam... e a juventude não se
deixa atrair! E a que parecia oferecer garantias de ficar,
facilmente debanda!... E é a juventude estudiosa e a juventude
operária, e até a juventude agrícola!
Que
fazer? Lamentar-nos? Dizer que tudo vai mal e que se lhe não vê
remédio? Cessem os lamentos e vamos às obras; mas sem delongas, que
não há tempo a perder. Não conseguiremos realizar o ideal? Mas
poder-se-á alguma coisa ainda e vamos a esse pouco, que já será
muito.
Cheios
de zelo e boa vontade, muitos párocos, na ânsia de salvar a
juventude, começaram pelo princípio: começaram pelas criancinhas e
organizaram com esplêndidos resultados a Cruzada Eucarística
infantil. É já alguma coisa: é já muito até. Muitas dessas crianças
vivendo em cheio o programa da Cruzada, continuarão ao chegar à
juventude a praticar com fervor o catolicismo e a mostrar-se modelos
de jovens cristãos.
Mas
esta escola da infância não basta. É mister que ao entrarem na
mocidade e ao saírem da Cruzada encontrem a ampará-los alguma obra
que os prenda e os resguarde e os una, para resistirem facilmente ao
ambiente gelado e adverso, em que vão encontrar-se fatalmente.
E vamos
ao sólido. Obras de desporte, de higiene, de movimento, podem ser de
algum alcance; mas nem sempre são realizáveis e há melhor e mais
sólido e mais ao alcance de todos os apóstolos de boa vontade.
Primariamente vamos às obras que fomentem a vida interior.
Está-se
tratando activamente de organizar em Portugal a Acção Católica e
todos suspiramos pelo momento em que se apresente em nossa Pátria em
pé de guerra esse exército ordenado e invencível. Mas não tenhamos
ilusões: os membros da Acção Católica não se improvisam. Não basta
tocar a reunir, para que logo acudam à voz dos chefes esses soldados
valentes do Reino de Cristo.
É com
jovens muito particularmente que se há de organizar essa coorte
maravilhosa, mas para isso é preciso primeiro que tudo preparar-lhes
os corações e as almas, para que saibam escutar e ser dóceis a essa
voz. Acção Católica diz zelo, diz muito amor às almas, à Igreja e a
Cristo; mas esse zelo e esse amor não se improvisam.
Fundem-se primeiro «Escolas preparatórias», digamos assim, onde se
vá despertando e cultivando esse o e amor.
Ora,
não nos cansaremos de o lembrar, o Santo Padre Pio XI — o Papa da
Acção Católica — chamou às Congregações Marianas preciosos
auxiliares da Acção Católica.
Aí está
uma obra sólida, que fomenta intensamente a vida interior, ao
alcance de todos, capaz de prender entusiasticamente os jovens, se
for bem organizada e tiver vida intensa e que será entre nós o
melhor viveiro de apóstolos da Acção Católica. Fundem-se em todas as
freguesias de Portugal Congregações Marianas para Jovens (sem
descuidar as donzelas, claro está) e teremos dado um grande passo
para salvar os Novos e posto um dique poderoso contra a derrocada da
juventude. As Congregações Marianas são valorosos núcleos de
resistência que prendem a mocidade e a não deixam resvalar no
lodaçal da impureza nem nas trevas da ignorância religiosa ou
indiferentismo mórbido.
Já
nestas páginas o notámos: o primeiro passo que deu o Eminentíssimo
Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, ao ser encarregado pelo Santo
Padre de organizar a Acção Católica no Brasil, foi ordenar que todos
os párocos fundassem Congregações Marianas para jovens nas suas
freguesias.
Só quem
desconhece a história das Congregações Marianas é que não vê o
alcance desta recomendação, para os fins que vamos apontando.
Mercê
de Deus, já vários párocos estão vendo nas Congregações Marianas a
melhor solução para a dificuldade em que se encontravam de fazer
perseverar os jovens na piedade adquirida nos primeiros anos e
começam a ver nelas a mais lisonjeira esperança das suas freguesias.
Ah, se nós conhecêssemos há mais tempo as Congregares de Nossa
Senhora — exclamam — quanto bem estaria já realizado e quanto tempo
teríamos poupado noutras obras, que afinal estão longe de dar os
resultados desta! Nas Congregações encontrámos o que há tanto tempo
andávamos buscando: um foco de vida espiritual intensa que santifica
as almas e as leva irresistivelmente ao apostolado; um instrumento
magnificamente adaptado à formação vigorosa de «um escol» e por onde
uma arma esplêndida de conquista das massas; e finalmente i segredo
de harmonizar entre si as obras tão numerosas e dispersas, das quais
afinal se não pode prescindir, e o meio de as animar e consolidar
sem detrimento de suas formas próprias, nem se de sua legítima
autonomia.
O
Mensageiro de Maria, desejoso se corresponder à sua Missão,
envidará novos, embora sempre modestos esforços, para que as
Congregações Marianas, especialmente de jovens, se propaguem
intensamente em Portugal; para isso está este Secretariado Nacional
sempre às ordens de todos os que desejem indicações oportunas sobre
o assunto e no ano que vem, haverá sempre nestas páginas uma secção
própria de Direcção e Congregações.
Digne-se a Virgem Santíssima, por cuja honra e glória trabalhamos,
mostrar mais uma vez em nossa Pátria o maravilhoso poder das
Congregações.
M.
Pinho |